
Um estudo inovador conduzido pelo professor André Neves, do Instituto Federal de Sergipe (IFS), Campus Lagarto, foi publicado recentemente na respeitada revista americana Physical Review E. O trabalho foi apresentado na categoria Letter, reservada para resultados de grande relevância, escritos de maneira clara e concisa, com o objetivo de atingir um público mais amplo.
O docente introduziu o conceito de “motor quântico não-estocástico”, uma ideia inovadora no campo da Física. De forma simplificada, motores térmicos convencionais transformam calor em trabalho, mas a explicação teórica desse processo, no nível microscópico, depende de probabilidades. Isso significa que esses motores interagem com fontes de “estocasticidade”, ou seja, elementos aleatórios.
O que torna essa pesquisa única é que o pesquisador propôs um motor que dispensa completamente essas fontes de aleatoriedade, daí o nome “motor não-estocástico”. Para isso, ele desenvolveu uma nova base teórica, criando uma termodinâmica puramente quântica para descrever como esses motores funcionam.
O estudo aborda questões fundamentais da Física e traz novas perspectivas. O docente explica: “a segunda lei da termodinâmica pode ser formulada de várias maneiras. A mais conhecida envolve a entropia e estabelece uma ‘seta do tempo’, uma regra que impede que algo volte no tempo”, explica o físico André Neves, autor do estudo.
Os resultados do estudo foram surpreendentes: “descobrimos que, nesse contexto, o conceito convencional de entropia deixa de fazer sentido. No entanto, conseguimos demonstrar que outras formas da segunda lei continuam válidas. Nesse caso, a segunda lei não é mais um postulado, mas um teorema que deriva diretamente das leis da mecânica quântica”.
Essa descoberta oferece uma nova maneira de entender os fundamentos da Física e pode ter implicações significativas no estudo de sistemas quânticos.
De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Extensão do IFS, José Osman dos Santos, trabalhos de elevada qualidade estão sendo desenvolvidos por diversos docentes, de diferentes áreas do Instituto. “A Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão vem trabalhando para ampliar a política de apoio aos pesquisadores. Assim como temos programas fundamentalmente estratégicos voltados a apoiar os pesquisadores que estão promovendo a iniciação científica dos nossos estudantes, é necessário também implementarmos ações específicas de apoio aos pesquisadores que desenvolvem trabalhos com foco na produção de artigos de impacto internacional”, diz.
Segundo o pró-reitor, a pasta da Pesquisa e Extensão do IFS possui tanto o objetivo de contribuir com a formação de novos cientistas, inserindo os estudantes na pesquisa que busca soluções para problemas de interesse da sociedade, quanto também tem o objetivo de colocar a instituição em uma posição de destaque na pesquisa científica de fronteira.
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